Porém, essa "dívida" ambiental é rapidamente compensada, à medida que os carros elétricos rodam sem emitir poluentes. Um levantamento feito pelo portal britânico CarbonBrief mostra que, mesmo em países onde a geração de energia elétrica é “suja”, as baterias são “pagas” em até dois anos.
Em matriz energética suja: após 43.300 km (cerca de 2 anos de uso médio brasileiro)
Após esse período, cada quilômetro rodado representa um ganho líquido para o meio ambiente.
Emissões no Brasil
O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 88% da eletricidade vinda de fontes renováveis (principalmente hidrelétricas, eólicas e solares) em 2024, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN). Isso torna os veículos elétricos ainda mais vantajosos ambientalmente no país.
Para calcular a poluição gerada por carros elétricos em movimento, cruzamos dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre a matriz energética brasileira e do INMETRO sobre o consumo de energia dos carros elétricos. Para os a combustão, utilizamos um estudo do ICCT (International Council on Clean Transportation) de 2023.
Considerando emissões de CO₂ de toda a cadeia de produção até a circulação dos automóveis, no Brasil, os carros elétricos possuem uma pegada de carbono drasticamente menor:
Carros elétricos: 7 gCO₂/km
Carros a etanol: 35 gCO₂/km
Carros a gasolina: 117 gCO₂/km

Por que os elétricos são mais eficientes?
A diferença fundamental está na eficiência energética dos motores:
Motores a combustão: aproveitam, no máximo, 30% da energia do combustível
Motores elétricos: convertem até 77% da energia elétrica em movimento
Isso ocorre porque os motores a combustão gastam 70% da energia disponível em forma de calor, ruído e fumaça.
Essa vantagem técnica explica por que, mesmo em regiões com matrizes energéticas menos limpas, os veículos elétricos mantêm superioridade ambiental. Conforme as matrizes elétricas ao redor do mundo se tornarem mais limpas, a vantagem ambiental dos EVs só vai aumentar.
Fonte: DOE (Departamento de Energia dos EUA)
Tendência mundial de descarbonização
Enquanto Toyoda baseia seus argumentos na matriz energética atual do Japão, ignora a tendência global de descarbonização. Países ao redor do mundo estão substituindo usinas a carvão por gás natural e renováveis, tornando os veículos elétricos progressivamente mais limpos.
Posição da indústria
Apesar das críticas de Toyoda, a própria Toyota tem investido em veículos elétricos e planeja lançar novos modelos nos próximos anos. A empresa reconhece que, embora mantenha foco em híbridos, precisa diversificar seu portfólio para atender diferentes mercados e regulamentações ambientais.
Conclusão
Os dados científicos são categóricos: veículos elétricos são ambientalmente superiores aos híbridos e carros a combustão, mesmo considerando a produção de baterias e matrizes energéticas sujas. A alegação do chairman da Toyota de que "um elétrico polui como três híbridos" não encontra respaldo em evidência científica.