Alta octanagem garantida pelo etanol, regulação rigorosa da ANP e controle das distribuidoras colocam o combustível nacional como referência em desempenho, pureza e menor emissão de poluentes.
A gasolina vendida no Brasil costuma ser alvo de críticas, especialmente pelo teor de etanol presente na composição. No entanto, o que muitos motoristas desconhecem é que essa característica é justamente um dos principais fatores que colocam a gasolina brasileira entre as mais avançadas do mundo, tanto do ponto de vista técnico quanto ambiental.
Desde agosto de 2025, a gasolina comum e a aditivada passaram a conter 30% de etanol anidro, enquanto a gasolina premium mantém 25%. Essa formulação resulta em alta octanagem, melhor controle de combustão e redução significativa das emissões de poluentes, superando, em vários aspectos, padrões adotados em outros países.
O papel do etanol na performance e nas emissões
O grande diferencial da gasolina brasileira está na mistura com etanol anidro, um composto naturalmente oxigenado e de elevada octanagem. Essa característica aumenta a resistência à detonação e permite uma queima mais estável e eficiente.
A adição de etanol eleva a octanagem e protege o motor contra a batida de pino, permitindo uma combustão mais eficiente, explica Clayton Zabeu, professor do Instituto Mauá de Tecnologia.
Além do ganho em desempenho térmico, o etanol contribui para a redução de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não queimados, tornando a combustão mais limpa. Embora o etanol tenha menor poder calorífico que a gasolina pura, o que pode gerar leve redução na autonomia, motores desenvolvidos para o padrão brasileiro compensam essa diferença com melhor eficiência de queima.
Regulação rigorosa elevou o padrão do combustível
Outro fator determinante para a qualidade da gasolina nacional é a regulação técnica da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Normas como a Resolução nº 807 de 2020, atualizada ao longo dos últimos anos, estabeleceram critérios mais rígidos de pureza, densidade e octanagem.
Essas exigências eliminaram o uso de frações leves que aumentavam o consumo e permitiram que montadoras desenvolvessem motores mais eficientes e menos poluentes. Segundo a ANP, o índice de conformidade da gasolina C, aquela vendida diretamente ao consumidor, ultrapassa 97%, uma das taxas mais altas do mundo.
Esse resultado é fruto do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis, que coleta amostras em milhares de postos todos os anos, aliado a fiscalizações presenciais que aplicam multas e interdições em caso de irregularidades.
Compatibilidade com motores modernos
A gasolina brasileira também se destaca por atender plenamente às exigências dos motores modernos, especialmente os equipados com injeção direta e turboalimentação, que dependem de combustíveis com alta octanagem para evitar pré ignição e desgaste prematuro.
Os motores atuais são projetados para operar com a composição nacional, o que garante desempenho consistente e maior durabilidade, afirma Zabeu.
Nas versões aditivadas, a presença de detergentes mantém válvulas e bicos injetores limpos, melhora a atomização do combustível e prolonga a vida útil do sistema, reforçando a confiabilidade mecânica.
Sustentabilidade e confiança como diferenciais
Enquanto muitos países ainda discutem a incorporação de biocombustíveis à matriz energética, o Brasil domina essa tecnologia há décadas. O uso de etanol renovável, aliado a um sistema robusto de fiscalização, faz da gasolina brasileira um produto mais limpo, eficiente e seguro.
Programas internos de controle das distribuidoras, como sistemas de rastreabilidade e garantia de pureza, complementam o trabalho da ANP e aumentam a confiança do consumidor.
O resultado é um combustível que une tecnologia, sustentabilidade e desempenho, explicando por que a gasolina brasileira é considerada uma das melhores do mundo, não apesar do etanol, mas justamente por causa dele.