Em meio à crise financeira e tensões comerciais entre Eua e Canadá, montadora japonesa paralisa fabricação de SUVS e picapes destinadas ao mercado canadense
Nissan suspende produção de modelos por tarifas dos EUA
A Nissan anunciou a suspensão da produção dos modelos Pathfinder, Murano e Frontier destinados ao mercado canadense, em meio a uma nova escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e Canadá. A medida foi tomada após o governo norte-americano impor uma tarifa adicional de 25% sobre veículos importados, o que provocou retaliações por parte do Canadá.
De acordo com o jornal japonês Nikkei, os SUVs Pathfinder e Murano, produzidos na planta de Smyrna (Tennessee), e as picapes Frontier, fabricadas em Canton (Mississippi), tiveram sua produção suspensa para atender ao mercado canadense. A Nissan não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
A montadora não é a única afetada. A Mazda também reduziu parte da produção para o Canadá em sua fábrica no Alabama. As medidas revelam como disputas comerciais entre países impactam diretamente a cadeia produtiva global da indústria automotiva.
Crise financeira agrava o cenário
A suspensão ocorre em um momento delicado para a Nissan, que enfrenta dificuldades financeiras severas. No último ano fiscal, encerrado em março, a empresa registrou prejuízo líquido de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 24,9 bilhões). Além disso, a montadora tem vencimentos de dívidas que somam US$ 4,8 bilhões (R$ 26,6 bilhões).
A crise levou a Nissan a solicitar adiamento de pagamentos a fornecedores, além de sofrer rebaixamentos de nota de crédito por três grandes agências internacionais. A empresa também não divulgou previsões financeiras para o atual exercício, reforçando o clima de incerteza.
Vendas no Canadá são modestas, mas impacto é simbólico
Apesar de o mercado canadense representar apenas 3% das vendas globais da marca, a paralisação tem peso simbólico, por expor os efeitos colaterais da guerra tarifária entre os dois países. Em 2023, a Nissan vendeu aproximadamente 104 mil veículos no Canadá, número inferior ao registrado no México e muito abaixo dos Estados Unidos, onde concentra mais de 1 milhão de unidades por ano.
A Nissan não possui fábricas no território canadense, o que torna seus modelos ainda mais vulneráveis às tarifas de importação.
Produção do Leaf e plano de reestruturação em risco
Outro fator que pressiona a montadora é a produção do novo Nissan Leaf, que enfrenta atrasos. Segundo a agência Kyodo News, a falta de peças causada por restrições chinesas na exportação de terras raras obrigou a Nissan a rever sua capacidade de produção do modelo elétrico.
O atraso pode comprometer o plano global de reestruturação da empresa, que prevê o fechamento de sete fábricas e a redução de 15% da força de trabalho mundial.
Além da Nissan, a Suzuki também anunciou a suspensão temporária da produção do Swift, outro reflexo direto da turbulência no fornecimento global de componentes.