Fraude é crime, causa prejuízos e pode esconder desgaste grave no veículo; veja sinais, verificações e como se proteger antes da compra
Adulterar a quilometragem de um carro usado é uma das práticas mais comuns no mercado irregular e também uma das mais perigosas. Além de ser crime, a fraude mascara o desgaste real do veículo e pode gerar prejuízos significativos ao comprador. A alteração do odômetro costuma ser feita para aumentar o valor de venda, já que modelos com baixa quilometragem são mais procurados e têm preço superior.
Especialistas em mecânica e consultoria automotiva explicam que identificar a adulteração exige atenção aos detalhes, análise documental e verificação eletrônica. Embora muitos modelos modernos registrem a quilometragem em vários módulos, ainda é possível manipular o painel, e por isso é fundamental observar o carro por inteiro.
Sinais visíveis de uso que não combinam com a quilometragem
De acordo com o mecânico e professor Leonardo Ferreira, o desgaste físico é um dos primeiros indícios. Volante, bancos, pedais, tapetes, alavanca do freio de estacionamento e borrachas internas devem estar em bom estado quando o veículo apresenta baixa quilometragem.
Se o painel indicar poucos quilômetros, mas o interior estiver muito desgastado, é motivo para suspeitar. O consultor automotivo Eric Darwich reforça que “a estética externa pode enganar, mas o interior quase sempre revela o uso real”.
Scanner automotivo confirma divergências
Mesmo com painéis digitais, a adulteração ainda ocorre. Em veículos modernos, a quilometragem também fica registrada em módulos como câmbio, sistema de injeção e ABS. Assim, a leitura com scanner automotivo é uma das formas mais seguras de confirmar a autenticidade da informação.
“Um scanner profissional consegue verificar se a quilometragem gravada nos módulos bate com o valor do painel”, explica Leonardo. No entanto, Eric alerta que leituras incompletas, feitas com scanners simples, podem deixar passar parte da fraude.
Além disso, a análise de componentes como freios, pneus, rolamentos e suspensão ajuda a confirmar o nível real de desgaste.
Histórico confiável e laudo cautelar são essenciais
O registro de revisões no manual do proprietário é um documento decisivo para confirmar a quilometragem. As anotações devem mostrar uma evolução coerente, sem saltos bruscos ou lacunas. Notas fiscais e carimbos de concessionária também reforçam a veracidade do histórico.
O laudo cautelar, quando completo e emitido por empresa idônea, pode incluir a leitura dos módulos eletrônicos e tem alto grau de confiabilidade. Ainda assim, especialistas recomendam complementar com inspeção em oficina de confiança.
Os riscos de comprar um carro com quilometragem adulterada
A fraude pode trazer prejuízos mecânicos e financeiros. Veículos com odômetro adulterado podem ter motor, câmbio e sistemas estruturais muito mais desgastados do que aparentam, exigindo reparos caros logo após a compra. Além disso, a descoberta da adulteração derruba o valor de revenda.
A prática pode se enquadrar como estelionato e crime contra as relações de consumo, com pena de prisão e possibilidade de indenizações civis.
Como agir antes e depois da compra
Antes de fechar negócio, o comprador deve seguir uma rotina de checagem:
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observar desgaste interno e externo
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verificar histórico de revisões
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solicitar laudo cautelar completo
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comparar preços com a média de mercado
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realizar leitura de módulos com scanner profissional
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consultar registros de quilometragem em órgãos de trânsito
Para quem já é proprietário, manter o histórico atualizado é a melhor forma de preservar o valor do veículo.
Checklist rápido: como confirmar se a quilometragem é verdadeira
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Desgaste físico compatível: volante, bancos e pedais devem condizer com a quilometragem.
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Estado mecânico coerente: pneus, freios e suspensão revelam uso real.
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Histórico de revisões completo: evolução lógica das quilometragens.
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Laudo cautelar confiável: com leitura de módulos eletrônicos.
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Scanner automotivo: divergências indicam adulteração.
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Preço muito baixo: pode esconder histórico irregular.
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Registros oficiais: quilometragens anotadas em transferências ajudam a confirmar.
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Avaliação profissional: une análise visual, mecânica e eletrônica.
Identificar uma adulteração exige atenção e conhecimento, mas com as ferramentas corretas é possível evitar golpes e garantir um negócio seguro.