Olhar para o celular por apenas alguns segundos pode ser suficiente para causar uma tragédia. E isso está acontecendo com cada vez mais frequência nas ruas e estradas do país. O uso do smartphone ao volante já se tornou uma das principais causas de acidentes no Brasil, segundo entidades de segurança viária.
Uma pesquisa realizada pela empresa Sem Parar durante a Semana Nacional de Trânsito revelou que 76 por cento dos motoristas consideram o celular o maior vilão do trânsito, à frente da criminalidade e de qualquer outro fator de risco. Mesmo assim, a maioria admite que continua usando o aparelho de forma imprudente enquanto dirige.
Os sinais desse comportamento já são conhecidos: condutores que demoram para arrancar após o semáforo abrir, carros que invadem faixas sem perceber e freadas bruscas diante de obstáculos que estavam à vista. A distração, que pode durar poucos segundos, é suficiente para comprometer a segurança de todos.
A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego afirma que o uso do celular é hoje a terceira maior causa de acidentes no país, ficando atrás apenas do excesso de velocidade e da embriaguez. Quando o motorista está digitando ou lendo mensagens, o risco de colisão aumenta em até 400 por cento.
Isso acontece porque o cérebro reduz drasticamente a atenção ao ambiente. Estudos indicam que até 70 por cento das informações visuais deixam de ser percebidas quando o foco está em conversas ou notificações da tela. Até mesmo a simples vibração do aparelho já é capaz de distrair o condutor.
A legislação tenta frear o problema. Falar ao celular segurando o aparelho é infração média, com multa de 130 reais e dezesseis centavos e quatro pontos na CNH. Já quem manuseia o celular durante a condução comete infração gravíssima, com multa de 293 reais e quarenta e sete centavos e sete pontos na carteira.
Especialistas ainda alertam para a chamada pós chamada. Mesmo após encerrar uma ligação, o motorista continua mentalmente distraído por alguns segundos, o que mantém o risco elevado.
Enquanto veículos autônomos não se tornam realidade no Brasil, a prevenção continua dependendo da consciência de quem está ao volante. As entidades reforçam: a mensagem pode esperar, mas a vida não.