Uso do etanol pode acelerar a eletrificação da frota; combustível vegetal é mais barato e tem papel decisivo na descarbonização
O Brasil pode reduzir suas emissões de carbono sem depender exclusivamente dos carros elétricos. Essa foi uma das conclusões do 2º Summit Futuro da Mobilidade, realizado em São Paulo na última sexta-feira (26), por Autoesporte e Valor Econômico, com patrocínio da Stellantis e apoio da Renault e da Shell.
No seminário, o painel “Etanol, elétricos, hidrogênio e combustível sintético: a descarbonização da frota brasileira em curto, médio e longo prazo” destacou as vantagens do etanol como solução viável e de menor custo para a transição energética.
Segundo André Valente, diretor de Sustentabilidade da Raízen, a frota movida a etanol coloca o Brasil em posição de destaque. “A nossa gasolina com 30% de etanol já ajuda consideravelmente nesse processo, uma vez que no restante do mundo essa mistura mal chega a 10%”, afirmou. Ele acrescentou que a COP 30, a ser realizada em Belém (PA), é uma oportunidade para o país mostrar ao mundo os benefícios do biocombustível.
Híbridos flex como alternativa
Para Spartacus Pedrosa, diretor de operações de lítio do Grupo Moura, a combinação entre etanol e eletricidade será essencial para reduzir emissões. Os veículos híbridos flex, que podem ser abastecidos com etanol, despontam como alternativa sustentável ao unir uma fonte renovável à eletrificação.
Etanol na produção de hidrogênio
Outro ponto abordado foi a possibilidade de produzir hidrogênio a partir do etanol, utilizado em veículos elétricos movidos a célula de combustível. O Brasil, por ser líder na produção de etanol de cana-de-açúcar, já desponta em pesquisas nessa área.
De acordo com Emílio Carlos Nelli Silva, vice-diretor científico do Research Centre for Greenhouse Innovation da USP, “o etanol pode ser a solução para a produção de hidrogênio”.
Impacto na descarbonização
Para Igor Calvet, presidente da Anfavea, o desenvolvimento de tecnologias ligadas ao etanol e a outros biocombustíveis pode reduzir em até 35% as emissões de gases do efeito estufa, ao mesmo tempo em que potencializa o processo de eletrificação da frota.