Suspensão afeta o Programa Nacional de Controle de Velocidade, que perdeu 88% do orçamento em 2025
Desde 1º de agosto, 66,1 mil quilômetros de rodovias federais estão sem fiscalização eletrônica de velocidade devido à paralisação dos radares. A medida é resultado do bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025, anunciado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para cumprir a meta fiscal.
O corte afetou diretamente o Programa Nacional de Controle Eletrônico de Velocidade (PNCV), que teve sua verba reduzida de R$ 364,1 milhões para apenas R$ 43,36 milhões na Lei Orçamentária Anual, queda de 88%, considerada insuficiente para manter os contratos de operação dos equipamentos.
Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o PNCV é essencial para a segurança viária e para o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para a redução de mortes no trânsito. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o excesso de velocidade é uma das principais causas de acidentes fatais, que custaram R$ 12,8 bilhões em 2014. Desse total, 62% estavam relacionados às vítimas, como gastos com saúde e perda de produção, e 37,4% a danos materiais, perdas de carga e remoção de veículos.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), em 2024 as rodovias federais registraram 6.160 mortes e 53 mil feridos. Embora ainda não haja dados consolidados sobre o impacto da suspensão dos radares, a entidade alerta para o aumento expressivo das infrações não registradas. Levantamento citado pelo portal Poder 360 indica que, apenas nos primeiros 12 dias de agosto, houve alta de 802% nesses casos, totalizando 17 mil ocorrências.
A Senatran e entidades do setor reforçam que a ausência de controle de velocidade pode ampliar o número de acidentes, especialmente em trechos críticos, com reflexos diretos na preservação de vidas e na redução de prejuízos econômicos.