ANP limita a presença do químico em até 0,5%, mas investigações encontraram índices de até 90%
A megaoperação Carbono Oculto, deflagrada na quinta-feira (28), revelou um esquema bilionário de adulteração no setor de combustíveis ligado à facção PCC (Primeiro Comando da Capital). De acordo com as investigações, a facção buscava expandir sua participação na economia formal por meio da administração de postos em diferentes estados.
Entre as irregularidades, chamou atenção o uso de metanol em níveis até 180 vezes acima do permitido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Enquanto a legislação brasileira estabelece limite máximo de 0,5%, foram encontrados índices de até 90% em alguns postos.
O químico Christian Blenke explica que o metanol, também conhecido como álcool metílico, é altamente tóxico, podendo causar cegueira e até a morte se ingerido. Diferente do etanol, que é obtido da cana ou milho e pode ser usado como biocombustível, o metanol tem aplicação industrial, sendo usado na produção de plásticos, tintas, resinas, solventes e como insumo químico.
Embora possua alto índice de octanas — o que melhora a performance de motores de alta compressão —, seu uso em combustíveis é restrito e só pode ocorrer em concentrações mínimas e controladas. A Resolução nº 807/2020 da ANP estabelece a tolerância de até 0,5% para evitar adulterações. Acima disso, a prática é considerada ilegal.
O caso reforça os riscos do consumo de combustíveis adulterados e a importância da fiscalização para proteger tanto os motores dos veículos quanto a saúde da população.