Cobertura de até 10 anos atrai compradores, mas detalhes escondidos nos contratos podem deixar motoristas sem proteção quando mais precisam.
“Garantia de 5, 8 e até 10 anos!” É o tipo de promessa que salta aos olhos em anúncios de carros novos no Brasil. Em um mercado cada vez mais caro e tecnológico, essa segurança extra parece perfeita para o consumidor.
Mas, na prática, muitas dessas garantias têm cláusulas ocultas que podem anular a cobertura com facilidade. Revisões atrasadas, itens não incluídos, uso considerado “severo” e até inspeções pagas são algumas das condições que pegam motoristas de surpresa.
A seguir, confira as cinco principais pegadinhas das garantias automotivas oferecidas no país:
1) A tal “garantia de 10 anos” não cobre tudo
O número divulgado nas propagandas raramente vale para o carro inteiro.
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Toyota: programa Toyota 10 cobre apenas motor e câmbio por até 10 anos, desde que todas as revisões sejam feitas na rede autorizada.
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Hyundai e Kia: oferecem 5 anos gerais e até 10 para motor/câmbio, sob regras rígidas.
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GWM: dá 8 anos apenas para o sistema híbrido, enquanto o carro como um todo tem 5 anos.
2) Revisão atrasou? Você perdeu a garantia!
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Chevrolet: exige revisões a cada 10 mil km, com óleo homologado. Para manter a cobertura da correia dentada banhada a óleo (usada no Onix, Tracker e Montana), ainda cobra vistoria paga de cerca de R$ 660.
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Volkswagen e Fiat: anulam a garantia se houver atraso ou revisão fora da rede.
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Toyota: aceita até 30 dias de tolerância, mas desde que a quilometragem também esteja dentro do previsto.
3) Nem tudo está coberto, mesmo na garantia
Muitos itens ficam de fora, mesmo dentro do prazo.
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Peças de desgaste natural: pastilhas, pneus, velas, amortecedores, embreagem.
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Acabamento interno e borrachas: plásticos, ruídos, palhetas.
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Tecnologia: multimídias e sensores geralmente têm garantia menor (12 a 24 meses).
4) Uso “fora do padrão” pode cancelar tudo
Montadoras podem anular a garantia se o veículo for usado de forma considerada “severa”.
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Renault: reduz para 1 ano em táxis e autoescolas.
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Jeep: exclui cobertura em trilhas pesadas, mesmo sendo off-road.
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Volkswagen e GWM: citam excesso de poeira, água ou carga como motivos para perda de garantia.
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Hyundai: chip de potência ou modificações no motor cancelam automaticamente.
5) Inspeções extras e regras rígidas
Além das revisões, algumas marcas exigem inspeções adicionais, às vezes pagas.
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Hyundai e Kia: condicionam a validade ao cumprimento rigoroso do plano de manutenção na rede.
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Citroën: tem inspeções específicas para manter a garantia anticorrosão.
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Chevrolet: cobra vistoria periódica para manter a garantia da correia dentada estendida.
Atenção redobrada no contrato
Garantias estendidas são um atrativo de marketing poderoso, mas só funcionam se o proprietário seguir à risca todas as exigências do manual. Antes de fechar negócio, é fundamental ler o contrato, questionar o vendedor e entender o que realmente está coberto.
Assim, você evita cair em pegadinhas e não corre o risco de descobrir, tarde demais, que a “garantia de 10 anos” não era bem o que parecia.